A área de implantação do Estádio Joaquim Américo – conhecido como Arena da Baixada – é significativamente menor que a das demais arenas que se planeja construir ou reformar para a Copa de 2014. São cerca de 59 mil metros quadrados de lote para uma edificação que deverá somar 124 mil metros quadrados construídos, ou seja, coeficiente de aproveitamento que ultrapassa o índice 2, representativo da localização central na capital paranaense. Compacto no modo como ocupa a cidade, o projeto está sendo desenvolvido pela equipe do arquiteto uruguaio Carlos Arcos (Faculdade de Arquitetura da Universidade da República, no Uruguai, 1981, e FAU/USP, 1984) e contou com a participação do escritório de Hector Vigliecca na fase preliminar de concepção.
Desde meados dos anos 1990 estava em jogo um projeto de modernização da arena, idealizado pelo arquiteto Júlio Neves e em parte pelo engenheiro Luiz Carlos Volpato, cuja realização completa esbarrava num entrave: a implantação do setor sudeste das arquibancadas. No final de 2008, o terreno vizinho foi finalmente incorporado ao complexo esportivo. A construção da arquibancada foi então iniciada e, segundo o projeto de Arcos, se transformará no principal setor dedicado ao programa especial do estádio. Em seus domínios e alinhamento estarão distribuídos, ao longo de sete níveis, as áreas de imprensa, comissões técnicas, alimentação, tribuna de honra e camarotes vip, embora estes circundem a totalidade das arquibancadas.
Já o setor nordeste, lindeiro à praça Afonso Botelho – área urbana de grandes dimensões que se planeja integrar ao estádio através de um piso em comum -, deverá atrair cerca de 65% do público fluente e na dispersão. A volumetria arquitetônica espelha essa relação pontual, ao colocar sobre a praça de acesso um volume envidraçado e retilíneo, que demarca a entrada principal do complexo.
Um dos traços distintivos do projeto da Arena da Baixada é ter potencializado a vocação de múltiplo uso do equipamento esportivo: há instalações comerciais em todos os setores, praças de alimentação e escadas de grandes dimensões junto aos vértices da edificação – de modo a enfatizar o partido de bloco único, ortogonal – e boa setorização das circulações coletivas e especiais.
Como a arquibancada inferior cresceu na direção do campo (todos os assentos serão numerados), a cobertura será reconstruída, com a proposta de uso de telha metálica perfurada e policarbonato translúcido em alguns trechos. Treliças espaciais em forma de arco farão o travamento do sistema.
www.arcoweb.com.br, apud, Texto de Evelise Grunow
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 357 Novembro de 2009