Para se entender a arquitetura rural do Vale do Paraíba fluminense é preciso destacar que as atuais casa-grande, moradia dos antigos barões do café, eram o núcleo de unidades produtivas e muitas vezes de beneficiamento do café e de outros produtos. Ainda que reste pouca coisa de vestígios de um conjunto completo de época, não se poderia perder a oportunidade de registrar alguns aspectos importantes que condicionaram o programa de implantação, a localização e a tipologia arquitetônica das antigas sedes de fazenda.
No período inicial de ocupação do Vale no século XIX, até a década de ’40, as casas eram mais simples, pois os recursos eram todos eles aplicados na aquisição de escravos e no processo produtivo. A partir dos anos 50, com a riqueza obtida na atividade, os proprietários passaram a investir em benfeitorias, ampliando a área construída e requintado a arquitetura da edificação, externa e internamente, ao gosto neoclássico. Também foi identificada uma terceira fase de edificação rural – o estilo eclético que corresponde ao final do período cafeeiro.
Os proprietários rurais acolhiam viajantes e ilustres visitantes, tendo recepcionado pesquisadores e artistas estrangeiros e membros da Corte, inclusive o imperador D. Pedro II e sua comitiva. Muitas dessas sedes ficaram conhecidas por promover jantares, reuniões culturais e saraus com músicos europeus. Abaixo, imagens de litografias de artistas franceses feitas a partir das fotografias tiradas por Victor Frond entre 1857 e 1862.
Em fins do século XIX a maioria das fazendas do Vale do Paraíba encontrava-se arruinada. Seus proprietários não conseguindo sustentar a decadência do café, tiveram suas propriedades arrecadadas pelos bancos credores. No início do século XX, terras e benfeitorias foram a leilão, iniciando uma nova etapa produtiva com a atividade agropecuária, já nas mãos de novos donos. No final do século surgiu uma nova vocação – a do turismo cultural, que tem motivado proprietários a se associarem entre si e abrirem as portas para hospedagem ou simples visitação pública, muitas vezes acompanhadas de culinária, música e danças de época.
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