Embalagens Sustentáveis
Da cobertura e fechamentos laterais em aço a embalagens biodegradáveis; fábrica em Manaus congrega materiais ambientalmente corretos da construção à linha de produção
Em uma região de clima equatorial, em que a umidade relativa do ar anual fica em torno de 80% e a temperatura média em 27°C, uma das grandes preocupações arquitetônicas recai invariavelmente no conforto térmico. Não foi diferente no caso do projeto elaborado pelo escritório paulistano NPC para a indústria de embalagem EMAS (Empresa de Embalagens Moldadas da América do Sul Ltda.), localizada no polo industrial de Manaus (AM).
A EMAS fabrica embalagens a partir de calços de polpa moldada – uma inovação no mercado. Desenvolvidos e confeccionados a partir da moldagem de fibras de celulose reciclada, os calços são recicláveis e biodegradáveis. Assim, a obra deveria não apenas atender a aspectos de conforto térmico, mas refletir esta preocupação com o meio ambiente. Para atender a estes critérios e também por questões de rapidez na fabricação e montagem e de outras soluções arquitetônicas previstas, a estrutura metálica foi a alternativa escolhida.
Fugindo do tradicional modelo de galpão industrial, o escritório paulistano NPC viabiliza um desenho moderno e opta pelo aço pré-pintado na cobertura e fechamentos
Valério Pietraróia, um dos arquitetos titulares do NPC e um dos responsáveis pelo projeto, conta que a EMAS, ao lado das unidades da Knauf em João Pessoa (PB), Joinville (SC) e São Bernardo do Campo (SP), faz parte de um conjunto de trabalhos na área de embalagens desenvolvidos pelo escritório entre 2005 e 2007. “Todos estes projetos acompanham preocupações frequentes, com o conforto e o desempenho dos edifícios, em particular em climas extremos como os de Manaus e João Pessoa”, fala Pietraróia. No caso da EMAS, explica o arquiteto, como a empresa trabalha com embalagens de polpa de celulose a partir de papel reciclado, utiliza muita água no processo, mas precisa de ambiente o mais seco possível para o produto acabado, o desafio foi proporcionar o máximo de ventilação natural constante.
Este desafio direcionou um partido arquitetônico em que a cobertura metálica e os fechamentos laterais tiveram papel fundamental. “Trabalhamos com superfícies em ‘dobradura’, o que permitiu, em posições estratégicas, fazer a tomada de ar fresco e a saída do calor, sempre protegidos por grandes beirais”, detalha o arquiteto. “A fachada próxima à mata natural, onde há mais umidade, permaneceu mais fechada e a frontal, elevada em relação à rodovia, mais aberta”, completa. Tanto a cobertura como o fechamento lateral utilizaram telhas trapezoidais pré-pintadas.
Instalada em um terreno de 22.500 m2, a fábrica tem 7.446 m2 de área construída, mas prevê se expandir. E segundo pesquisas que apontam tendências de mercado, este crescimento é certo. Um estudo, denominado Our Green World, realizado pelo grupo TNS, mostra que questões ambientais influenciam diretamente na decisão de compra de 52% dos consumidores brasileiros, e ainda revela que 83% estariam dispostos a pagar mais por produtos e serviços ambientalmente corretos. Se essa tendência se verificar, não apenas as empresas de embalagens, mas a construção metálica será beneficiada, já que o aço é uma das soluções mais apontadas para atender às necessidades de rapidez de montagem, qualidade e baixo desperdício, além da reciclabilidade.
Em um terreno de 22.500 m2, foi concluída a primeira etapa da obra, com 7.446 m2 de área construída, em que foram utilizados perfis de chapa dobrada nas seções U, Ueringecido, L e cartola
Ficha Técnica
Projeto arquitetônico: Cláudia Nucci, Valério Pietraróia e Sérgio Camargo (NPC Grupo Arquitetura Ltda.)
Colaboradores: Cintia Vigarinho, Kelly Murayama e Luiz Martinelli
Área construída: 7.446 m²
Aço empregado: ASTM A570 (estrutura) e aço galvanizado pré-pintado (coberturas e fechamentos)
Projeto estrutural: José Artur Linhares
Fornecimento da estrutura e cobertura: Construtora F. Lopes
Execução da obra: Construtora F. Lopes
Local: Manaus, AM
Data do projeto: fevereiro de 2005
Conclusão da obra: março de 2006
Fonte: Revista Arquitetura & Aço – Edição nº20 – CBCA
Fotos: Valério Pietraróia
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